261 – O voluntário e o esporte

Voluntariado, voluntário, palavras que tenho visto muito mais pelas redes sociais e em outras mídias, até nas mais tradicionais. Isso é bom. Mas… é, sempre tem um mais. O quão estas palavras estão sendo utilizadas corretamente? Não sou o arauto da discórdia, mas nem tudo é bonito atualmente, tenho que elogiar o aumento de voluntários no país, no mundo e o tema sendo um pouco mais falado, mas o uso indevido das palavras também tem crescido.

Já escrevi sobre os hostels que se utilizam da palavra voluntariado de forma totalmente equivocada e para muitos acaba sendo uma decepção, pois vão ao encontro da correta função e se encontram com um trabalho em troca de hospedagem, onde nada existe de social ou filantrópico.

Hoje trago a discussão o voluntariado utilizado em grandes competições esportivas, onde as pessoas pagam exorbitantes valores para assistirem, os atletas ganham valores incalculáveis de prêmios e salários, os realizadores recebem pequenas fortunas em patrocínios (e nada disso está errado, são profissionais) e se utilizam de voluntários para ajudar nos eventos. Onde está o social e filantrópico nesta conversa?

Esta reflexão cabe a todos os grandes eventos esportivos que se enquadram neste modelo, o único que quero deixar com uma ressalva são as olimpíadas, pois sabemos que a maioria dos atletas não recebem grandes salários e as cidades têm um investimento alto para as competições.

Temos que estar atentos, pois ao meu olhar isto é uma exploração de mão de obra, mesmo quando as organizadoras são “organizações sem finalidade lucrativa”, pois, se os são devem se manter como tal, sem altos salários (entenda muito acima da média) para diretoria, sem prêmios exorbitantes e com transparência na utilização de todo recurso advindo de patrocínios, bilheteria, apoios e venda de espaços das mais variadas formas para diversas marcas nestes eventos.

Quero deixar claro que não estou criticando os gestores ou os eventos, somente o ponto que me toca, a utilização do voluntariado de forma, no mínimo, questionável.

O voluntariado deve e pode ser utilizado para diversos fins, desde que de forma correta e para fins claros, como causas sociais das mais diversas, emergências naturais, entre outras, até mesmo o poder público pode se utilizar desta ferramenta, em áreas especificas como: Saúde, esportes, educação cultura, catástrofes, bombeiros, meio ambiente.

Portanto vamos melhorar nossa relação com o voluntariado, cuidando dele, para que não desvirtue.

Roberto Ravagnani é palestrante, jornalista (MTB 0084753/SP), radialista (DRT 22.201), Consultor especialista em voluntariado e responsabilidade social empresarial. Voluntário palhaço hospitalar desde 2000, Conselheiro Diretor da Rede Filantropia, CEO da empresa de consultoria R. R. Desenvolvimento e Transformação Humana LTDA e do VOL, porta voz pela ONU, Associado da VRS Consult da Guatemala, prof. de Voluntariado da PADLA University- México e Consultor acreditado por Empresability . @roberto.ravagnani