372 – Voluntariado: semeando cidadãos melhores
Vivemos em uma era marcada pela rapidez das informações, pelos desafios sociais complexos e, não raro, pela sensação de que cada indivíduo caminha sozinho no mundo. Em meio a esse cenário, o voluntariado desponta como uma poderosa ferramenta de transformação – não só da realidade de quem é atendido, mas, principalmente, de quem se dispõe a colaborar. Entre os jovens, a experiência voluntária se revela não apenas como uma atividade extracurricular, mas como uma verdadeira escola de cidadania, capaz de formar pessoas mais empáticas, responsáveis e preparadas para a convivência coletiva.
Engana-se quem pensa que o voluntariado é apenas uma via de mão única, onde aquele que doa seu tempo está sempre em posição de dar e o outro, de receber. O jovem voluntário tem a oportunidade de enxergar outras realidades, perceber o tamanho das desigualdades e, sobretudo, se reconhecer como agente de mudança. O contato direto com comunidades diversas, com crianças, idosos ou mesmo com causas ambientais, amplia o repertório de experiências e desafia convicções muitas vezes construídas apenas no ambiente escolar ou familiar.
Além do impacto social, o voluntariado acrescenta camadas fundamentais à formação pessoal e profissional. Ao trabalhar em equipe, lidar com diferenças, expor opiniões e ouvir relatos de vida, o jovem aprende habilidades essenciais para qualquer área de atuação. A responsabilidade adquirida ao assumir compromissos e a humildade em reconhecer o valor do trabalho coletivo são traços que moldam lideranças conscientes e colaborativas.
Outro aspecto relevante é o desenvolvimento da empatia. O voluntariado ensina a olhar para além do próprio umbigo, a se colocar no lugar do outro e agir em função de um bem comum. Em um mundo que valoriza a competição e o individualismo, essa capacidade torna-se um diferencial não só para o mercado de trabalho, mas para a convivência democrática e saudável em sociedade.
Os desafios enfrentados pelos jovens, como a busca por identidade, propósito e pertencimento, encontram no voluntariado um terreno fértil para florescer. Ao perceber que sua ação faz diferença, mesmo que pequena, o jovem passa a enxergar sentido nas pequenas escolhas cotidianas. Ele entende que ser cidadão não se resume a votar ou pagar impostos, mas se expressa, sobretudo, na capacidade de colaborar para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Por isso, cabe às escolas, famílias e à própria sociedade incentivar e valorizar as iniciativas voluntárias entre os jovens. Oferecer espaços, projetos e oportunidades para que crianças e adolescentes se engajem em atividades comunitárias é investir na formação de cidadãos mais preparados, sensíveis e críticos. Em tempos de crise de valores e intolerância, o voluntariado emerge como uma semente de esperança e renovação.
Ao final, percebe-se que, ao mesmo tempo em que transforma vidas e comunidades, o voluntariado é uma ponte para a construção de um mundo melhor. E, nessa travessia, são os jovens que, munidos de entusiasmo e vontade de fazer diferente, dão o primeiro passo rumo a uma cidadania plena – que se faz, sobretudo, no encontro, no servir e na solidariedade.
Roberto Ravagnani é palestrante, jornalista (MTB 0084753/SP), radialista (DRT 22.201), Consultor especialista em voluntariado, ESG e responsabilidade social empresarial. Voluntário palhaço hospitalar, Conselheiro Diretor da Rede Filantropia, CEO da empresa de consultoria R. R. Desenvolvimento e Transformação Humana LTDA e do VOL, porta voz pela ONU, Associado da VRS Consult da Guatemala, prof. de Voluntariado da PADLA University- México e Único Brasileiro Consultor acreditado internacionalmente por Empresability . @roberto.ravagnani