389 – Voluntariado: a urgência de um compromisso coletivo
Estamos diante de um tema que nunca sai de moda — e que, neste momento, ganha ainda mais relevância: o voluntariado. Não importa o tempo, o clima, a situação econômica ou política, o voluntariado é atual. Ele é, por essência, uma resposta humana às necessidades que não cessam.
Você pode se perguntar: por quê? Porque toda organização social nasce de um gesto voluntário. É o voluntário que aparece nas grandes tragédias, nas emergências, nas lacunas que o Estado não consegue preencher. Foi assim na pandemia, quando milhares de pessoas se mobilizaram para costurar máscaras, entregar alimentos, oferecer escuta, cuidar de idosos, proteger os mais vulneráveis. O voluntariado é o primeiro a chegar e, muitas vezes, o último a sair.
E agora temos mais um motivo para colocar esse tema em evidência: 2026 será o Ano Internacional do Voluntariado para o Desenvolvimento Sustentável. Uma nova chance de trazer luz a essa causa. Talvez não com o mesmo impacto de 2001, quando o voluntariado ganhou destaque mundial, mas com potencial para reacender o debate, inspirar políticas públicas e fortalecer redes de solidariedade.
Mas há algo que me inquieta profundamente: no Brasil e em grande parte da América Latina, o voluntariado ainda é invisível. Não é tema nas escolas, nas universidades, nas conversas entre amigos, nem mesmo nas rodas de diálogo entre organizações sociais e seus atendidos. Isso me espanta. Como podemos esperar uma cultura de voluntariado se ela não é ensinada, discutida, vivida?
O voluntariado não é apenas uma ação pontual. É uma postura diante da vida. É o exercício da cidadania ativa, da empatia, da corresponsabilidade. E deveria estar presente desde cedo, como parte da formação humana. Precisamos falar sobre isso com crianças, jovens, educadores, gestores, líderes comunitários. Precisamos incluir o voluntariado nos currículos, nas campanhas, nas narrativas que moldam o imaginário coletivo.
Por isso, assumo aqui um compromisso público — e talvez um pouco louco: fazer do voluntariado parte do meu cotidiano, da minha fala, da minha prática. Não espero que todos façam o mesmo, mas acredito que cada um deve assumir sua parcela de responsabilidade. O mundo precisa de gente “louca” o suficiente para acreditar que pode fazer a diferença — com responsabilidade, claro. São essas pessoas que movem o mundo.
Sei que não farei isso sozinho. Mas também sei que não posso esperar que o outro faça por mim. Juntos, podemos muito. Mas, cada pessoa precisa fazer sua parte para que o voluntariado ocupe o espaço que merece. E isso começa com pequenas atitudes: conversar sobre o tema, valorizar quem atua, divulgar boas práticas, estimular o engajamento, abrir espaço para quem quer contribuir.
Depois desse desabafo apaixonado, convido você a refletir: como o voluntariado aparece na sua vida? E mais importante — como ele pode aparecer mais? Que papel você quer assumir nesse movimento que transforma realidades e constrói pontes?
O voluntariado é uma força silenciosa, mas poderosa. E está nas nossas mãos fazer com que ele brilhe, inspire e contagie. Que 2026 seja não apenas um marco simbólico, mas o início de uma nova cultura de participação, solidariedade e compromisso coletivo.
Roberto Ravagnani é palestrante, jornalista (MTB 0084753/SP), radialista (DRT 22.201), Consultor especialista em voluntariado, ESG e responsabilidade social empresarial. Voluntário palhaço hospitalar, Conselheiro Diretor da Rede Filantropia, CEO da empresa de consultoria R. R. Desenvolvimento e Transformação Humana LTDA e do VOL, porta voz pela ONU, Associado da VRS Consult da Guatemala, prof. de Voluntariado da PADLA University- México e Único Brasileiro Consultor acreditado internacionalmente por Empresability . @roberto.ravagnani