Eleição para autodefensor 2026 promove vivência cidadã entre alunos na APAE de Mogi
A APAE de Mogi das Cruzes realizou, ao longo das últimas semanas, um processo eleitoral interno para a escolha dos autodefensores que atuarão a partir de 2026. A iniciativa teve como objetivo eleger um casal de alunos como titulares e outro como suplentes, para representar os demais estudantes na diretoria da APAE durante o triênio 2026-2028.
Participaram da eleição 11 alunos do socioeducacional, que se candidataram espontaneamente e desenvolveram suas próprias propostas. Ao longo da preparação, as turmas participaram de rodas de conversa sobre política, o papel de representantes e eleitores e o significado do cargo de autodefensor. O processo também contou com campanha eleitoral, com produção de cartazes, materiais visuais e jingles, ampliando a compreensão sobre comunicação, escuta e influência na escolha de líderes.
“Essa experiência foi muito importante, pois permitiu que nossos alunos entendessem, de forma concreta, que suas opiniões têm valor. Eles aprenderam que podem representar o grupo, defender ideias e participar das decisões. Foi um exercício de cidadania que fortaleceu autoestima, autonomia e pertencimento. A inclusão também se faz no direito de participar da vida pública, e isso começa aqui, no dia a dia deles”, afirmou Ana Paula Nogaroto, diretora pedagógica da unidade.
Para garantir acessibilidade, a votação utilizou colas com fotos dos candidatos, possibilitando que todos os estudantes acima de 16 anos votassem com autonomia, inclusive aqueles que ainda não leem. O voto foi secreto e realizado em uma cabine montada especialmente para a ocasião, com um tablet que simulava uma urna eletrônica, recurso desenvolvido pela monitora de informática Bruna Conceição Rodrigues. A contagem dos votos seguiu procedimentos formais, reforçando transparência e seriedade no processo.
A professora Flávia Marques, que atuou na condução pedagógica da proposta, destacou que a experiência ultrapassou a escolha dos representantes. “Trabalhamos o respeito ao outro, o diálogo e a responsabilidade. Eles compreenderam que uma eleição não é apenas sobre quem vence, mas sobre pensar coletivamente, ouvir ideias e construir juntos. Foi uma vivência muito rica, que envolveu todos de forma significativa.”
Foram eleitos como autodefensores Leonardo Marciano Gonçalves (27 anos) e Sabrina Belarmino Sampaio (23 anos). Como suplentes, assumirão Vinícius Antonio Santana Ferreira (25 anos) e Carolina Roberta Aparecida dos Santos (30 anos). O processo contou com o acompanhamento de 12 professoras do socioeducacional, que orientaram as atividades e apoiaram a participação dos estudantes.
A coordenadora pedagógica Andréa Cristina de Almeida, que atuou como mesária no dia da votação, ressaltou o envolvimento e seriedade dos alunos. “Eles esperaram sua vez, respeitaram o espaço, acolheram o resultado e comemoraram juntos. Foi bonito ver a maturidade, o diálogo e o comprometimento. Eles sabiam que aquilo era sério e se colocaram como verdadeiros cidadãos.”
Além da eleição, o projeto abordou temas como saber ganhar e perder, colaboração, tomada de decisões e responsabilidade no exercício da representação. Segundo a equipe pedagógica, o entusiasmo dos alunos e o engajamento espontâneo demonstram o impacto da atividade como prática de formação cidadã.
O papel do autodefensor
O autodefensor é um aluno com deficiência intelectual e/ou múltipla eleito para representar seus colegas em discussões internas, sugerir melhorias, defender direitos e fortalecer a inclusão. Ele atua como porta-voz, promovendo autonomia, protagonismo e participação ativa na vida comunitária.
Na APAE, a escolha ocorre a cada três anos, por meio de votação entre os estudantes, garantindo uma vivência real de democracia no ambiente escolar.



